Revolta na Câmara Municipal
Publicação: 19 de Julho de 2013 às 00:00Ricardo Araújo e Roberto Lucena - repórteresUm dia antes de mais um protesto do Movimento #RevoltadoBusão, marcado para esta sexta-feira, 19, integrantes do coletivo surpreenderam vereadores, funcionários e guardas legislativos e ocuparam o prédio da Câmara Municipal na manhã de ontem. O ato culminou com o cancelamento da autoconvocação dos vereadores que votariam, a partir da próxima segunda-feira, 22, o projeto de lei da licitação do transporte público de Natal. O movimento que iniciou pacificamente se encerrou com a expulsão dos jovens do interior do prédio pelos guardas legislativos que usaram, além da força física, spray de pimenta e cassetetes, tiros para o alto e pistolas de choque elétrico. Um estudante saiu ferido e outro, detido.
De acordo com relatos de funcionários da instituição, o grupo chegou aos poucos, entrando pelos gabinetes dos vereadores Hugo Manso (PT) e Sandro Pimentel (PSol). Quando os guardas legislativos notaram a presença de 28 jovens no pátio da Casa Legislativa, impediram a entrada de outro pequeno grupo que se concentrava na entrada principal. Os jovens solicitaram a presença do presidente da Câmara, vereador Albert Dickson, para a apresentação de uma pauta de reivindicações que incluía, dentre outros pontos, a redução do valor da passagem para R$ 2,00 e a continuidade da negociação para que a tarifa fosse zerada, o que culminaria na implementação do Passe Livre.
Após diálogos com os vereadores Hugo Manso e Sandro Pimentel, o presidente se dirigiu à Câmara e, após intensa negociação, desceu do gabinete da Presidência e conversou com os manifestantes, acompanhado do líder do prefeito na Câmara, vereador Júlio Protásio (PSB). Após ouvir as demandas, o presidente solicitou um prazo para análise e elaboração de um documento. Membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e repórteres não foram autorizados pela Presidência a entrar na Casa.
Em resposta, Albert Dickson elaborou uma “notificação ao movimento de invasão”, na qual discorre sobre a participação social no projeto da licitação, a apresentação das planilhas do Seturn que detalhem, “pormenorizadamente”, o valor da tarifa de transporte público em Natal e que anula a autoconvocação dos vereadores para apreciação do projeto de lei. Tudo isto, porém, condicionado à desocupação voluntária e pacífica da Câmara Municipal.
De acordo com o estudante Tiago Aguiar, que acompanhou a negociação dentro do prédio, os manifestantes receberam a notificação e elaboraram uma “contra-proposta”. Eles teriam 20 minutos para, a partir do recebimento da notificação, se retirarem da Câmara. Antes do final da redação do documento, iniciou-se o conflito. “Estávamos redigindo uma contraproposta e eles vieram com teasers e gás de pimenta. Nós estávamos saindo e queríamos somente o diálogo”, relatou. Guardas legislativos e municipais expulsaram os estudantes, que dançavam e cantavam no pátio com uso de força física, golpes de imobilização, choques elétricos e chutes.
Os integrantes do movimento que conseguiram pular o muro do estacionamento da Câmara revidaram com pedradas e chutes nos portões de ferro. Durante a ação, um guarda legislativo efetuou pelo menos um disparo de arma de fogo de dentro para fora da Câmara, enquanto um policial militar disparou para o alto três vezes. O sub-comandante do Policiamento Metropolitano, coronel Alarico Azevedo, negou o uso de arma de fogo durante a confusão. “Os oficiais não me relataram os disparos”, disse. Muitas das jovens choravam, enquanto os rapazes gritavam contra os guardas legislativos e municipais, além dos policiais militares. Uma das manifestantes cuspiu contra o coronel Alarico Azevedo enquanto ele concedia entrevista.
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