Os guardas municipais de Salvador paralisaram as atividades nesta quarta-feira (16) em razão da
greve da Polícia Militar na Bahia, deflagrada na terça-feira (15). De acordo com Bruno Carianha, coordenador do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps) e da Guarda Municipal, os agentes deixaram as ruas e estão resguardados na sede da guarda, no bairro San Martin.
De acordo com informações do coronel Peterson Portinho, superintendente de Prevenção à Violência e Segurança, apenas 96 guardas municipais armados não estão nas ruas, pois o trabalho desses profissionais é atrelado ao da Polícia Militar. Eles atuam fazendo operações de poluição sonora, comércio irregular, entre outras fiscalizações. Segundo o coronel, o restante do efetivo, 1.296 guardas municipais, continuam trabalhando normalmente.
"Estamos parados, resguardados e protegendo a nossa sede. Ninguém está indo às ruas por conta do caos que está lá. A gente não pode estar na rua se a marginalidade está solta. É muito marginal para pouco guarda", disse o coordenador ao G1.
Ao longo da manhã desta quarta-feira, aulas foram suspensas, supermercados saqueados, um banco arrombado e ônibus recolhidos em Salvador. Por causa da greve, o Sindicato dos Rodoviários informou que muitos ônibus
não deixaram as garagens em razão da falta de segurança.
Saques e arrombamentosO supermercado da Cesta do Povo do Vale do Ogunjá foi
saqueado na madrugada desta quarta-feira. Segundo testemunhas, até os carrinhos de compras foram roubados.
No bairro da Calçada, uma agência do Banco Itaú foi arrombada. A unidade foi revirada e teve o vidro da entrada quebrado. Não há informações se o dinheiro da agência foi levado.
Agência do Banco Itaú foi revirada em Salvador (Foto: Imagens/TV Bahia)
Aulas e serviçosAlegando falta de segurança, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e o Colégio Salesiano
suspenderam as aulas nesta quarta-feira. O mesmo ocorreu com a Academia Alpha Fitness, que chegou a emitir nota informando que "nem segurança privada aceitou trabalhar diante da situação".
Movimento na Avenida Getúlio Vargas, uma das
principais de Feira de Santana, está menor do que
o de costume (Foto: Imagens/TV Subaé)
InteriorEm
Feira de Santana, a cerca de 100 km de
Salvador, passageiros informaram que os ônibus não estão circulando. Na Avenida Getúlio Vargas, uma das principais da cidade, o movimento de populares nesta manhã está reduzido. O posto da PM instalado neste local está fechado.
Já em
Itabuna, no sul do estado, não houve grande alteração na rotina de moradores. As viaturas estão fazendo rondas normalmente. Policiais informaram que não receberam das associações em Salvador qualquer orientação sobre a greve. Os ônibus estão circulando. Segundo a Polícia Civil na cidade, de terça-feira até esta quarta não foram registrados incidentes graves, como homicídios.
Em
Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, os policias militares trabalharam normalmente na noite de terça-feira. Ainda nesta quarta-feira, a categoria irá decidir se vai paralisar as atividades no município. Os ônibus estão circulando e algumas instituições de ensino cancelaram as atividades nesta quarta-feira em razão da possibilidade de greve. A Câmara de Dirigentes de Lojistas de Vitória da Conquista emitiu uma nota solicitando uma maior atenção dos lojistas e pedindo que eles reforcem a segurança.
Assembleia aprovou o início da greve da PM
(Foto: Imagens/G1)
GreveA decisão pela greve só ocorreu depois das 19h30, após representantes de associações analisarem a proposta da Secretaria de Segurança Pública da
Bahia(SSP-BA). Marco Prisco, presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) anunciou a proposta do governo da Bahia à massa de policiais e perguntou se eles aprovavam, sendo que a maioria respondeu que não.
Alguns pontos da proposta do "Plano de Modernização da PM", que foi
apresentado pelo governo na semana passada, foram alterados como contraproposta. Entre elas, ficaram acertados o aumento da CET (Condição Especial de Trabalho), que prevê reajuste de 25% no valor do soldo de policiais do administrativo; de 17% para 35% no valor de soldo para quem já recebia o reajuste; e os motoristas, que tinham 35%, ficarão com 60%. O código de ética e dos processos disciplinares serão revisados.
o sobre o plano de cargos e salários, além da equiparação salarial com a Polícia Civil, o governo se comprometeu a revisão destes tópicos e a abertura de progressões como quatro mil vagas de soldado para cabo, duas mil de cabo para sargento e 500 vagas de subtenente para sargento.
Pontos de divergênciaO presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM-BA), Agnaldo Sousa, destacou alguns ítens cobrados pelos policiais. Veja os
pontos exigidos pelos PMs e qual o posicionamento do governo
Plano de carreiraAPPM-BA - Segundo a associação, tanto o soldado quanto o oficial têm que ter um tempo máximo nos postos de graduação. A categoria pede que seja definido um plano de carreira. "Um soldado leva hoje 25 anos sem ter uma promoção. Nós achamos isso vergonhoso. Queremos que seja definido um tempo para que ele seja promovido", diz Agnaldo.
Governo - A proposta do governo é que, após oito anos, o soldado passe a ser cabo e, depois de mais seis anos e meio, ele ascenda a 1º sargento. Hoje, um soldado passa 20 anos como soldado, sem ascenção. Depois, ele passa a ser sargento e se aposenta.
Isonomia Salarial
APPM-BA - A categoria pede isonomia entre as polícias militares e civil. "Hoje, um tenente-coronel que tem 30 anos de serviço ganha menos que um delegado, que está no início de carreira. Queremos que isso seja equiparado", relata Agnaldo.
Governo - O Estado se compromete em criar um grupo de trabalho para rever todo o sistema de remuneração da Polícia Militar. Nesse quesito, entram gratificação, adicionais, entre outras remunerações agregadas.
Código de Ética
APPM-BA - Segundo a associação, a PM não tem um código de ética. "Temos uma legislação da Polícia Militar, que está obsoleta, com coisas que estão lá há mais de 40 anos. Queremos a implantação desse código de ética", revela Agnaldo.
Governo - Um código de ética foi apresentado e as associações questionam alguns pontos. Assim, o governo está disposto a reavaliar as questões que não estão satisfazendo a categoria.
Polícia Civil
Além da Polícia Militar, os policiais civis do estado também divulgaram que paralisaram as atividades nesta quarta-feira. Durante a mobilização, que irá durar 24h, será mantido 30% do efetivo trabalhando no atendimento para prisão em flagrante, levantamento cadavérico, crimes contra a criança e contra a vida.