Base governista vetou projetos de postos da GM
(Foto: Fabrice Desmonts/Câmara de Piracicaba)
Em quatro meses, cinco assaltos a mão armada, sendo quatro deles a
residências. A estatística levantada por moradores do bairro rural de
Tanquinho, em
Piracicaba
(SP), justifica a preocupação da população local com a onda de
violência nos últimos meses. Para atender toda área rural da cidade, que
é de 1.147,25 quilômetros quadrados (km²), existem somente seis
viaturas, três da Polícia Militar e três da Guarda Municipal.
A Prefeitura declarou que não pretende ampliar o efetivo na zona rural e
a base da administração de Gabriel Ferrato (PSDB), na Câmara de
Piracicaba, vetou projetos de emendas ao orçamento para a instalação de
novas bases da Guarda em Tanquinho, Santana, Santa Olímpia, Ártemis,
Anhumas e Ibitiruna; todos bairros afastados da região central.
Lideranças de Tanquinho já protestaram na sede do Legislativo e
disseram que enviam ofícios constantemente à Polícia Militar e à Guarda
Municipal, mas dizem acreditar que só o aumento do efetivo voltado à
zona rural poderá coibir novos roubos. "O comandante da Guarda chegou a
encaminhar uma estimativa de quanto custariam, por ano, essas bases.
Anualmente seriam R$ 3,5 milhões, mas o projeto foi vetado", disse o
líder comunitário de Tanquinho, Álvaro Saviani.
Moradores de bairro rural reclamam de falta
de segurança (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Os moradores da região chegaram a cogitar pagar a uma empresa para que
fizesse a segurança particular do bairro, mas a ideia foi abortada por
falta de consenso. "Nós temos de cobrar o poder público, são eles que
podem nos ajudar", afirmou Saviani.
Assaltos
Segundo Saviani, os relatos dos quatro assaltos a residências levantam a
suspeita de que são os mesmos criminosos sempre. "A descrição física é
igual e são três dentro da casa e dois do lado de fora. Também
percebemos que eles sempre pegam a estrada para Rio Claro (SP)", disse.
Entre os assaltados está um homem de 76 anos que teve dois carros
roubados às 14h de um domingo. "Eu cochilava depois do almoço, minha
filha e minha mulher estavam em casa. Três ladrões entraram. Ficamos
nervosos na hora e minha mulher tentou dar um jeito de resistir. O homem
então apontou a arma para a cabeça dela. Eu segurei no cano e o cara
atirou, mas a sorte foi que o gatilho prendeu na minha mão e não
disparou", disse ele, que ainda teme os assaltos e por isso não quis se
identificar.
Arma prendeu em mão de idoso e salvou esposa (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
O metalúrgico Marcos Fernando Gomes de Moraes, de 43 anos, foi
assaltado na última terça-feira (17) pelo grupo, que roubou seu carro. O
automóvel, no entanto, foi encontrado horas depois. "Eles tentaram
entrar na minha casa, mas perceberam que um vizinho viu e fugiram só com
o carro", disse.
'É suficiente'
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Piracicaba informou que o
número pequeno de efetivo na zona rural se dá em função da baixa demanda
da região e que o trabalho da Guarda aliado ao da PM "é suficiente". A
Prefeitura também afirmou que a Polícia Militar é a principal corporação
responsável pela segurança.
A Secretaria de Segurança Pública, no entanto, por meio de assessoria
de imprensa, informou apenas dados gerais sobre o estado e não comentou a
situação do efetivo em Piracicaba.