sábado, 26 de maio de 2012


23/05/2012 07h00 - Atualizado em 23/05/2012 07h00


Tahiane StocheroDo G1, em São Paulo

Taser (Foto: Divulgação/Prefeitura São José dos Pinhais)Taser quer fabricar arma de choque com emprego de
tecnologia brasileira (Foto: Divulgação)
A  empresa americanaTaser pretende pedir apoio das polícias civis e militares, das Forças Armadas e das empresas de segurança privada para desenvolver uma arma de choque especialmente voltada para o mercado nacional.

Segundo o fundador e diretor-executivo mundial da companhia, Rick Smith, o objetivo é obter o retorno dos clientes que já usam a Taser no país para, mantendo o modelo internacional, aplicar tecnologias desenvolvidas aqui e que melhor se adaptem às ações registradas nas ruas.

“A tecnologia da Taser é uma das mais avançadas do mundo em termos de prevenção de vidas para os fins de segurança. O que buscaremos é o retorno dos nossos clientes no Brasil para desenvolver um produto voltado para o mercado local. Iremos ouvir nossos clientes, ver o que eles querem, o que podemos fazer. E estamos buscando parceiros e até mesmo indústrias que queiram contribuir com tecnologia”, afirma Smith ao G1.

Além do novo produto, Smith irá anunciar nesta quarta-feira (22), em Brasília, a implantação de uma sede da Taser no país e a futura instalação de uma fábrica. A cidade ainda não foi definida, mas, segundo ele, conversas começaram a ser feitas com estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
 
O anúncio da Taser em buscar se adaptar ao mercado brasileiro ocorre após três casos de mortes com o uso da arma de choque repercutirem no país neste anos. Em fevereiro, um folião que estaria alcoolizado morreu imobilizado por policiais militares do Tocantins. Em março, um brasileiro foi vítima na Austrália, e um homem que teria usado drogas morreu após disparo da PM de Santa Catarina.

Pelo menos 12.486 pistolas de eletrochoque estão sendo usadas por agentes de segurança no país, segundo dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e do Exército. Os órgãos de segurança possuem hoje no país uma pistola de choque para cada 15.278 habitantes. Em comparação, considerando só o arsenal em poder de agentes públicos em serviço, há uma arma de fogo para cada 56 habitantes.

“A Taser não vai entrar no mercado nacional sozinha. Estamos levando em consideração os incentivos, as novas leis que estão sendo criadas e também potenciais parceiros, que conhecem melhor a forma de trabalhar aqui”, avalia Smith. O objetivo, segundo ele, é atingir todo o mercado da América Latina.

Segundo os planos da companhia, em 2013 a empresa contará com10 funcionários em Brasília. Ainda não há previsão de capital que será investido e nem de prazo.

As armas de choque são empregadas nas ruas dos Estados Unidos e do Canadá desde 2003, quando começaram a ser fabricadas pela Taser, e ganharam destaque no mercado nacional após o Ministério da Justiça implementar uma política de incentivo ao uso de armas não-letais nos últimos 4 anos, buscando a redução dos homicídios e da letalidade policial.

Desde o final de 2011, uma pistola de choque fabricada pela Condor no país foi homologada e o Exército proibiu a importação da similar da Taser. Em seguida, em dezembro do ano passado, a Taser descredenciou sua representante no país. Questionado sobre se a construção da fábrica brasileira ocorre para competir com o concorrente nacional, Smith afirmou que a intenção de vir ao Brasil surgiu há dois anos.

“O investimento vai depender da demanda. O Brasil será nosso trampolim para a comercialização da Taser para a América Latina. A base que pretendemos construir aqui será para suprir não só a demanda nacional, mas a de toda a região, que é imensa”, acrescentou.

 

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