quarta-feira, 5 de março de 2014


São Paulo

Na cidade mais violenta de SP, guarda municipal vai usar arma letal

Município de Caraguatatuba, no litoral, registrou índice de 28,3 homicídios por 100.000 habitante – quase o triplo da média do Estado

Eduardo Gonçalves
Vista aérea da cidade de Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo
Vista aérea da cidade de Caraguatatuba, no litoral de São Paulo (Alexandre Battibugli)
Para tentar conter a onda de criminalidade que assola o município há três anos, a cidade litorânea de Caraguatatuba, a mais violenta do Estado de São Paulo, decidiu armar a Guarda Civil Municipal (GCM). Nesse período, a cidade figurou no topo do ranking de mortes por arma de fogo, com uma taxa de 28,3 homicídios por 100.000 habitantes – quase o triplo da média estadual, de 10,5 homicídios por morador. Também vai na contramão do Estado, que registrou redução no número de homicídios no ano passado.
Nesta semana, o prefeito de Caraguatatuba, Antonio Carlos da Silva (PSDB), anunciou que abrirá um edital para contratar 80 homens guardas, que andarão armados – pistolas 380 e espingardas calibre 12. Os guardas começarão a atuar em dezembro, época em que a população da cidade praiana quadruplica por causa das férias. Cidades vizinhas, como São Sebastião e Ubatuba, já possuem uma GCM armada.
A delegada Nilze Baptista Scapulatiello, titular dos municípios de Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilha Bela, é uma das defensoras da ideia: “Tudo que vem para somar é importante. A GCM tem acesso a lugares, que não são de nossa competência, como escolas, hospitais e praças”. No entanto, ela ressalta a necessidade de a guarda receber “treinamento adequado”  para o porte de armas letais – na maioria das cidades, os homens da GCM não usam armas de fogo, atribuição das Polícias Militar e Civil.
Com 29 anos de experiência como delegada na capital paulista, Nilze, de 58 anos, está lotada há dois meses em Caraguatatuba com a missão de fortalecer a polícia local. “Estamos tentando agregar conhecimento [entre a capital e o litoral]. É preciso ter um setor de chefia de investigação, que coordene investigações e cobre relatórios melhor produzidos", disse ela, citando como exemplos a criação de departamentos de inteligência, nos últimos meses.
Os homicídios em Caraguatatuba estão relacionados a dois fatores: tráfico de drogas e brigas em bar. “O consumo de álcool e entorpecente estão sempre relacionados com os assassinatos”, disse a delegada. Ela ainda afirma que a maioria dos crimes ocorre no período noturno na periferia da cidade, onde os morros foram ocupados por construções irregulares. “O acesso a essas favelas é muito difícil. Outros criminosos ainda se escondem na Mata Atlântica”, afirmou a delegada, apontando uma das dificuldades na captura dos criminosos.
Assim como o prefeito, a delegada também não concordou com a posição de Caraguatatuba no ranking de homicídios por 100.000 habitantes. Segundo ela, o cálculo não levou em conta a população flutuante da cidade. No ano passado, foram registrados 31 homicídios, dois a mais do que em 2012. Os meses com maior incidência do crime foram janeiro (4), dezembro (4) e abril (5). "Este por causa do feriado de Páscoa", disse a delegada.

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