Para melhorar a mira, guardas municipais no interior de São Paulo treinam com arco e flecha
- Guardas municipais de Várzea Paulista (42 km de São Paulo) treinam com arco e flecha uma vez por semana
A Guarda Municipal de Várzea Paulista (42 km de São Paulo) encontrou uma forma inusitada para aprimorar a mira. Há dois meses, pelo menos 20, dos cerca de 120 agentes da corporação, treinam com arco e flecha uma vez por semana. O equipamento usado pelos guardas é emprestado por uma loja de material esportivo da cidade.
O treinamento com arco e flecha foi instituído pelo inspetor Edson Barcaro, 40, que começou a praticar o esporte há cerca de sete meses.
"Fiz 93 pontos, de cem possíveis, no último exercício de tiro com arma de fogo", afirmou. "Como faço trabalho interno e raramente mexo com armamento, minha média era bem inferior", disse o guarda, que faz parte do setor de inteligência da corporação e tem usado a criatividade para driblar a falta de recursos públicos no município –-estima-se que a dívida da Prefeitura de Várzea Paulista seja em torno de R$ 90 milhões (o Orçamento do município para este ano foi estimado em R$ 203 milhões).
Segundo o inspetor Barcaro, o arco e flecha proporciona maior controle da respiração, acelera o raciocínio, fortalece a musculatura da parte superior do corpo e aprimora a mira.
"No tiro com arco, você tem de soltar a flecha com os dois olhos abertos. Isso obriga o atirador o olhar a melhorar a mira quando atira com arma de fogo", afirma.
O treinamento com arco e flecha também é visto como uma forma de relaxamento. "Ajuda a combater o estresse de quem tem uma profissão como a nossa, sempre com muita tensão", diz.
O treino com arco e flecha não é obrigatório na corporação, mas há uma espécie de competição mensal, com medalhas para os melhores, como forma de estimular a mais GMs a participarem dos exercícios, realizados todas as quartas-feiras pela manhã, em um clube de lazer privado, que tem suas dependências doadas.
No ar
A partir desta semana, os atiradores de arco e flecha, porém, terão de dividir as manhãs de quarta-feira com outro exercício inusitado. Vão aprender a pilotar aeromodelos que serão usados para fiscalização de invasão de áreas em matas. As aulas serão dadas por pilotos que praticam o esporte, conforme o comando da GM.
De acordo com Barcaro, dois aviões (um com 1,40 metro de comprimento e outro com 2 metros) foram doados por uma empresa de Várzea, depois que Guarda anunciou a intenção de usar droners (aeronaves não tripuladas) para fiscalização de matas, invasões e obras irregulares, mas faltaram recursos.
Os aeromodelos foram feitos sob encomenda e custaram cerca de R$ 8 mil e, por enquanto, não vão voar em áreas habitadas.
Junto aos dois aparelhos serão acopladas máquinas fotográficas com capacidade para registrar até dez fotos por segundo. "Com cinco minutos de voo teremos um grande material para fiscalização", afirma.
E se falta verba, sobra criatividade em outras situações também. A Guarda Municipal de Várzea enfrentou manifestantes nos protestos de junho sem escudos – houve ameaças de ataques à prefeitura e à Câmara. E como faltavam recursos para isso também, a GM conseguiu a doação de metal e mão de obra em uma forjaria para a confecção de 15 escudos, desenhados na própria corporação.
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