Com um misto de indignação e humilhação, o comerciante Thiago Fernando Beraldo, 32 anos, de Paulínia, na região de Campinas, protestou contra a violência com um recado direto aos assaltantes. Na janela de vidro da loja, afixou um cartaz com a frase: "Srs. ladrões: pedimos a gentileza que aguardem ao menos a reposição do estoque para a próxima visita. Grato". Em uma grande faixa estendida sobre o muro do estacionamento, completou a mensagem: "Em menos de um mês fomos assaltados duas vezes. Por favor, não roube essa faixa".
Há dez anos atuando no comércio e venda de artigos de informática, Beraldo chegou a administrar seis lojas na cidade. Mas com o acúmulo de prejuízos causado pela onda de roubos e com empregados aterrorizados se recusando a voltar ao trabalho, ele se viu obrigado a fechar três empresas e dispensar 20 funcionários. No total, foram seis grandes assaltos e outros pequenos roubos que ele diz ter perdido a conta.
"Teve gente que ficou chocada falando do quanto é desagradável expor esses cartazes e outros até acharam engraçado. Isso é apenas uma forma de protesto", disse. A loja de Beraldo está ao lado de uma loja de lingerie e de uma lan house que nunca foram assaltadas.
O comerciante afirma que só quem passou por um assalto pode dimensionar o estresse que isso traz. "Eu, minha irmã e os funcionários ficamos na mira de bandidos fortemente armados. Eles faziam ameaças e nos insultavam. Fomos trancados em um quartinho enquanto eles levavam o que queriam daqui dentro", disse.
A gota d'água, segundo ele, foi no último dia 27 de janeiro. Por volta das 12h30, seis homens levaram em 15 minutos R$ 20 mil em mercadorias. Em dezembro, época de grande movimento e com a casa lotada de novidades de equipamentos, os assaltantes roubaram quase R$ 60 mil em artigos de informática. "Um dos homens trazia uma arma na cintura e outras em ambas as mãos. Nenhum escondeu o rosto. Nós temos câmeras de vigilância, tudo foi gravado, eles nem se importaram. Por isso nosso recado", afirmou.
Segundo a Guarda Municipal de Paulínia, o esquema de segurança na cidade será ampliado. No final do mês de janeiro, a corporação recebeu um lote de 100 novas armas calibre 380, munições e coletes à prova de bala, entre outros equipamentos. A GM tem em andamento uma licitação para aquisição de 23 novas viaturas.
Para o próximo semestre é planejada a contratação de 40 novos guardas municipais para aumentar o efetivo. O secretário de Segurança Pública de Paulínia, Ronaldo Pontes Furtado, está viajando e não pode falar com a reportagem.
A assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informa que o aumento de casos de roubos e furtos na cidade em 2009, em comparação a 2008, está relacionado à crise econômica mundial.
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