Uma “guerra” sem precedentes. De um lado os bandidos. Do outro a Polícia, e no meio uma sociedade acuada, aterrorizada e prestes a explodir com uma violência que nunca tem fim. Em Cuiabá, inclusive na área comercial central e da periferia, poucas casas residenciais e comércios não foram “visitadas” por bandidos nos últimos tempos. Muitas fecharam suas portas. Outras trabalham com as portas fechadas e muitas famílias já debandaram da Capital com medo
O tráfico de drogas, bem ao estilo dos morros do Rio de Janeiro, é quem dá as ordens e os bandidos agem dia e noite. Na maioria dos bairros os famosos seguranças de “bocas” já andam armados e exibem suas pistolas no meio da rua e na frente de crianças. Sem mais nem menos eles dão tiros para o alto para impor a ordem e o respeito entre seus rivais. Tiros que servem de aviso à comunidade para ela não abrir a boca. O problema é que a Segurança Pública de Mato Grosso está próximo do caos. Existem bandidos dentro da própria Polícia que atuam diretamente no crime ou dão proteção às quadrilhas. A fronteira está aberta, e o que é pior, sem policiamento, nem estadual nem federal. As polícias sabem quem são os bandidos e onde eles estão, mas não tem como combatê-los. E atenção: Manos de 10% dos crimes em Cuiabá não são investigados, inclusive dentro das próprias Corregedorias de Polícia.
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Medo, pânico
e terror assustam
as comunidades de
Cuiabá devido o
Crescimento sem
Limites da violência
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A reportagem do Portal de Notícias 24 Horas Newsfez uma pesquisa, uma espécie de “lavagem cerebral” nas Polícias Civil e Militar. Resultado: Faltam homens para o serviço de segurança pública. Nos quartéis, onde deveriam trabalhar no mínimo 500 homens por dia. Pasmem, os efetivos diários são tão reduzidos que pediram para não se expor os números para não aguçar mais a maldade dos bandidos.
Ou seja. Aliás, isso todas as autoridades sabem, mas ninguém levanta uma bandeira, que Mato Grosso hoje tem uma carência de quase 15 mil policiais. Mais de 10 mil seriam para recompor a Polícia Militar. Na Polícia Civil os números são ainda mais minguados, para não se dizer, mais vergonhosos.
Final da tarde, início da noite na região dos bairros Carumbé, Canjica, Bela Vista, Getúlio Vargas e parte do elegante Bosque da Saúde. Tudo parece calmo, mas de repente começam os tiros. Isso não é uma exceção. Isso é uma rotina. Logo vem o resultado dos tiros. Alguém foi executado. Alguém foi assaltado. Alguém sofreu um atentado a bala, ou os traficantes estão atirando para avisar que o “bagulho” (a droga) chegou. Antes eles comunicavam os usuários através de fogos, que explodiam até pela madrugada.
Quem não conhece as “bocas” do bairro Dom Aquino? Lá, segundo a reportagem apurou junto à comunidade, a rotina dos tiros para o alto, dos fogos e dos bandidos andando armados no meio da rua dia e noite não uma exceção, é uma regra. Aliás, contam, inclusive alguns policiais ouvidos, mas que não quiseram se identificar, até porque não poderiam, é o bairro recordista em “bocas” fixas e móveis.
De lá a reportagem foi para a região do bairro Santa Isabel. Meu Deus. Tudo igual. “Bocas” para todos os lados. Quadrilhas de assaltantes que não tem mais fim. E moradores ainda mais assustados com a violência.
Revoltada, uma comerciante do Jardim Araça, na mesma região, chega a pedir até pelo amor de Deus para que chegue logo 2014. “Não temos paz. Não temos sossego. O pior é o governo sabe o que está acontecendo, mas não faz nada para mudar. Por isso eu rezo para que 2012 venha logo para trocarmos de governo. Pode ser que com isso mude alguma coisa”, suplicou.
A reportagem seguiu ainda para as regiões do Grande Coxipó e da Grande Morada da Serra. Nada mudou. Tudo igualzinho. Muita violência. Bocas de drogas para todos os lados e reclamações, todas direcionadas à violência.
“Estamos vivendo o piuor5 momento na área de segurança de todos os tempos. Não sei o que estão esperando para fazer mudanças. Talvez estejam esperando que acontece uma desgraça com a família de uma grande autoridade para tomarem medidas radicais”, alertou um mprador do Coxipó.
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O que fazer para
diminuir ou acabar
com a violência.
Siga as dicas
de especialistas
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A reportagem ainda ouviu dois advogados, dois delegados da Polícia Civil e dois oficiais da Polícia Militar. Apenas o delegado Antonio Carlos Garcia de Mattos aceitou ser identificado. Para ele (Garcia), hoje um dos maiores problemas da segurança, não é apenas o tráfico de drogas. A pedra no caminho da segurança é o usuário, o viciado
Para melhorar a segurança publica, segundo um advogado, primeiro seria imprescindível a contratação de mais policiais civis e militares. Segundo, a formação urgente de uma Guarda Municipal, que seria responsável pelos primeiros passos da prevenção. Os guardas municipais poderiam ajuda no policiamento de praças e escolas, e hospitais públicos.
O segundo advogado sugeriu, além da criação da Guarda Municipal, a formação de Batalhão de Fronteira, que poderia ser o próprio Grupo Especial de Fronteira (Gefron), com reforço de pelo menos 1500 policiais especialmente treinados, muito bem armados e com cobertura de aviões e helicóptero, trabalhando dia e noite.
Além do Batalhão ou o Gefron, o mesmo advogado ainda sugeriu que o governo federal coloque o Exército Brasileiro, igual fez no Rio de Janeiro, para ajudar a combater o Crime Organizado, Ele lembra ainda, que ao contrário do que falam, não são os bolivianos que travessam a fronteira para trazer drogas para o Brasil.
“Muito pelo contrário. São os brasileiros que atravessam as fronteira, tanto levando carros roubados no Brasil, como para trazer carregamentos de drogas da Bolívia. Não temos que brigar com o governo boliviano, temos sim é que prender os nossos bandidos e os nossos traficantes. Não eles os nossos cânceres, que matam nossos filhos e destroem as nossas famílias brasileiras”, alerta o advogado.
Os dois oficiais da Polícia Militar juntaram todas as opiniões dos dois advogados e ainda acrescentaram uma, que segundo eles, é muito importante para o combate ao tráfico de drogas. Unir forças. Unir as três Polícias: Civil, Militar e Federal e minar, não apenas as “bocas”, mas principalmente os pequenos médios e grandes traficantes responsáveis pelo abastecimento das drogas.
“O governador Silval Barbosa precisa mostrar sua política de governo junto com o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curados. Como? Ora, o secretário, além de delegado, foi o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal. Além de conhecer de perto os problemas, ele também conhece como atacá-lo”, explicam os dois oficiais.
E os dois oficiais completam a conversa:”Tudo é uma questão de inteligência e diálago. Temos certeza que a Polícia Federal vai ajudar a PM e a Polícia Civil a combater o tráfico urbano. Combater não só atacando bocas ou prendendo traficantes quando recebem uma denúncia anônima. Combatendo com investigações profundas, com ajuda de informantes confiáveis, se possível pagos. Com ajuda de escuta telefônicas. As três polícias tem que estar juntas e unidas nas investigações para prenderam os bandidos com provas e materialidade”.
Para evitar o vazamento de informações dentro da própria Polícia, inclusive o envolvimento de policiais no mundo do crime, as corregedorias das Polícias Civil e Militar também precisavam trabalhar unidas, trocando informações, observação e investigando. Ou seja, fazendo uma espécie de prevenção dos policiais suspeitos de envolvimento com bandidos, não deixando que as coisas aconteçam como tem acontecido.
Hoje, segundo a reportagem apurou e teve acesso a documentos, além do envolvimento de policiais com bandidos, muitos também se envolvem em problemas familiares (a maioria), com bebidas alcoólicas e com o uso de drogas. E para comprar drogas e sustentar o vício, muitos policiais aceitam ou se submetem a ajudar bandidos em todos os tipos de crimes.
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Delegado Garcia
diz que a droga é
o maior problema
e o viciado precisa
ser combatido de
alguma maneira
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“Não estamos nos tempos das prisões seculares e calabouços, onde os presos, muitos até inocentes apodreciam na cadeia. Sou a favor que as penas, sejam elas de que tempo for, sejam cumprivas integralmente”, começa afirmado o delegado Antonio Carlos Garcia, hoje adjunto da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP).
Garcia revela que um dos cânceres da sociedade, com interferência direta na violência é o usuário de drogas. “É o usuário quem fomenta e sustenta os traficantes. Sem usuário não existiria o tráfico de drogas, assim como sem o receptador não existiria o ladrão”, revela Garcia.
O delegado, hoje um dos mais antigos em atividade na Polícia Civil. Garcia, junto com o delegado Marcos Veloso são os autores da prisão de um dos mais perigosos e famosos bandidos brasileiros, Marco Camacho, o “Marcola”, líder do crime organizado nacional e do Primeiro Comando da Capital (PCC), diz que as regras que regem a vida dos usuários precisam serem revistas imediatamente.
“Está provado por A mais B que só prender traficante não dá resultado e não leva a algum. Estaremos sempre enxugando gelo. E todos sabem que o câncer não é apenas o traficante, mas sim o usuário. Precisamos, colocá-los em cadeias próprias para recuperação de drogados para que eles não fujam”, afirma Garcia com propriuedade.
Logo em seguida o delegado Garcia conclui: “Tudo isso com a ajuda e o apoio da família. Sabemos que lugar de usuário não é na prisão, mas precisamos criar prisões-hospitais. Assim, podemos sonhas com a queda na diminuição do tráfico e, por consequência, na queda da violência”.
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