quinta-feira, 27 de junho de 2013

Protesto na Zona Sul do Rio termina com debate sobre a Constituição


Manifestação começou em Copacabana e terminou no Leblon.
Grupo diz que vai continuar acampado no Leblon até segunda-feira (24).

Tássia Thum e Tahiane StocheroDo G1 Rio
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Cerca de quatro mil pessoas participam de protesto na orla da Zona Sul do Rio. (Foto: Vitor Teixeira / TV Globo)Cerca de quatro mil pessoas participam de protesto na orla da Zona Sul. (Foto: Vitor Teixeira / TV Globo)
O policiamento foi reforçado neste domingo (23), na Avenida Atlântica, em Copacabana, Zona Sul do Rio, devido ao protesto contra a PEC 37, que acaba com o poder de investigação do Ministério Público, e a corrupção na política. Os manifestantes se reuniram na altura do posto 4 e seguiram em direção ao Leblon. Cerca de quatro mil pessoas participaram do ato; muitos eram moradores do bairro e funcionários do judiciário e Ministério Público.

A funcionária Cláudia, que preferiu não informar o sobrenome, de 46 anos, disse que o povo foi à rua para reclamar de várias coisas.  "O discurso da Dilma [Rousseff] na TV foi uma balela, não deu respostas. Os 20 centavos foram a gota d'água. Estou aqui porque sou contra tirar o poder de investigação do MP, se não fosse o MP muitos mensaleiros não seriam investigados", disse.
A cada 200 metros grupos de seis PMs guardavam a orla. Antes da passeata, policiais do 19º BPM (Copacabana) distribuíram panfletos pedindo paz nos protestos. O comando do batalhão informou que o efetivo nas ruas foi de 350 policiais. Um carro do Bope acompanhou a manifestação.
As turistas Alice Fabri e Sarah de Brito, ambas de 25 anos, moram na França e estão no Brasil a passeio há três meses, viajando e conhecendo o país. "Viemos participar do protesto porque nos falaram que é um movimento legítimo contra a corrupção no Brasil",  disseram as turistas que pediram explicações sobre o que era PEC 37.
O grupo começou a se deslocar em direção ao Leblon por volta das 16h. Segundo o comandante do 19º BPM, tenente-coronel Cláudio Costa, por volta das 16h30m, a manifestação já contabilizava entre mil e 1,5 mil participantes.
Estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, é coberta por uma máscara de Guy Fawkes. (Foto: Tahiane Stochero/G1)Estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade,
em Copacabana, é coberta por uma máscara de
Guy Fawkes. (Foto: Tahiane Stochero/G1)
A estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, foi coberta por uma máscara de Guy Fawkes, um dos símbolos adotados por manifestantes nos protestos.
Morador do bairro, o empresário Luciano Borborema levou a filha Iris, de 12 anos, ao protesto. "Vim participar porque acho um absurdo o que está acontecendo no Brasil, precisamos dar um grito de basta. Este cartaz contra a PEC 37 me representa", disse ele.
Os manifestantes chegaram em Ipanema por volta das 17h20. O comandante Cláudio Costa, do 19º BPM (Copacabana), informou que cerca de quatro mil pessoas participavam do protesto neste horário. Segundo ele, o clima era tranquilo. “A manifestação é pacífica e democrática, como nós já esperávamos”.
O grupo chegou à Avenida Delfim Moreira, no Leblon, por volta das 18h20. A pista junto aos prédios ficou interditada desde o acesso pela Avenida Niemeyer até a altura da Rua Aristides Espínola, segundo informou o Centro de Operações do Rio.
No trecho da casa do governador Sérgio Cabral, altura do posto 12 do Leblon, além de máscaras, cartazes e gritos de ordem, os participantes fizeram projeção na varanda de um prédio pedindo o fim da corrupção no país.
A região do Leblon é atendida pela 23º BPM (Leblon). Segundo o tenente coronel Luís Otavio, o clima continuava maravilhoso. “A passeata está ocorrendo de maneira tranquila”, disse o tenente coronel.
Parte da Avenida Delfim Moreira, metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, foi tomada por cartazes, que pediam a cassação de Renan Calheiros, o fim da impunidade e a não aprovação da PEC 37.
Ambulante vende máscaras de Guy Fawkes por R$ 10 durante protesto na orla da Zona Sul do Rio. (Foto: Tássia Thum/G1)Ambulante vende máscaras de Guy Fawkes por
R$10. (Foto: Tássia Thum/G1)
Máscaras do revolucionário inglês Guy Fawkes eram vendidas a R$ 10 no Leblon. Por mais R$ 5, o "kit manifestante" fica completo com a bandeira do Brasil. Apesar do poder aquisitivo de participantes do ato, vendedores afirmam que movimento no Centro é melhor.  "Hoje, o movimento foi abaixo do esperado, mas temos até o fim da semana para recuperar", disse o camelô Rodrigo. Ele diz ter vendido 150 máscaras do estoque de 200. "No Centro, vende mais de 500."
De acordo com a policia, a manifestação tinha por volta das 19h30 aproximadamente 1,5 mil participantes. Cinquenta homens da Polícia Militar cercam as duas entradas da rua Aristide Espínola, onde mora Sérgio Cabral.
Indígenas do antigo Museu do Índio também participaram de manifestação em frente à casa do governador do Rio de Janeiro.  Em março, eles foram obrigados a sair por decisão judicial, para a retomada do espaço pelo governo. 
Índios do antigo Museu do Índio também participam de protesto. (Foto: Tássia Thum/G1)Índios do antigo Museu do Índio também participam
de protesto. (Foto: Tássia Thum/G1)
A polêmica sobre o destino do espaço, que fica na Zona Norte do Rio, começou em outubro de 2012, quando o governo do estado anunciou mudanças no entorno do Maracanã, para que o estádio pudesse receber a Copa das Confederações, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. A saída dos indígenas foi marcada por tumultos entre manifestantes e PMs, que dispararam na ocasião spray de pimenta e balas de borracha.
A chuva fina que começou por volta das 20h45 não dispersou os manifestantes que permaneciam no Leblon. Eles fizeram um círculo e debaterem sobre a Constituição Brasileira. Cada participante tinha um tempo determinado para expor suas ideias.
Motoristas favoráveis à manifestação buzinavam como forma de apoio ao grupo que ocupava a avenida Delfim Moreira, na esquina da residência do governador Sérgio Cabral. Participantes do protesto retribuíram com aplausos.
De acordo com o comandante do 19º BPM (Copacabana), Cláudio Costa, duas pessoas foram detidas durante a manifestação. Um delas é um guarda municipal que estava armado com uma e o outro um homem que tentou furtar uma bicicleta.
Segundo a delegada da 12ª DP (Copacabana), Soraia Vaz, o guarda municipal e um camelô iniciaram uma discussão, quando o agente sacou uma arma. Policiais militares foram acionados por populares e conduziram o guarda para a delegacia. Foi verificado que a arma era registrada, mas o agente não tinha de registro de posse. Ele está preso e vai responder por porte ilegal de arma de fogo.
A Guarda Municipal esclareceu que o uso de armas de fogo não é previsto na legislação municipal, e que a GM-Rio considera falta grave e condena a conduta do guarda em questão. Ele fazia parte da equipe que efetuava o patrulhamento de rotina na areia neste domingo, não tendo qualquer relação com os agentes que faziam o ordenamento do trânsito durante a manifestação.
O guarda foi afastado de suas funções e a Corregedoria da GM-Rio determinou a abertura imediata de processo disciplinar junto à Secretaria Municipal de Administração visando à sua demissão.
Muitos veículos de imprensa estrangeira acompanharam a manifestação na orla da Zona Sul do Rio.
Protesto na Zona Sul do Rio ocorreu de forma pacífica. (Foto: Tássia Thum/G1)Protesto na Zona Sul do Rio ocorreu de forma pacífica. (Foto: Tássia Thum/G1)

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