Depois de receber coletes à prova de balas, algemas e gás de pimenta, a Guarda Municipal de Santos vai utilizar pistolas elétricas paralisantes, a exemplo da Guarda Municipal do Rio de Janeiro. Polêmico entre especialistas em segurança pública, o equipamento é utilizado em municípios menores de São Paulo, como Botucatu e Araçariguama. Já outras importantes guardas municipais do Estado, como a metropolitana da capital e a de Guarulhos, optaram por armas de fogo.
A compra está em processo de licitação e as dez primeiras pistolas deverão chegar a Santos no segundo semestre. A ideia é utilizar os equipamentos da marca taser, uma arma não-letal cujo tempo de descarga elétrica é de cinco segundos, o tempo necessário para que guardas treinados imobilizem e algemem os atingidos. As pistolas são fabricadas nos Estados Unidos e cada kit com uma pistola e munição é importado por R$ 3 mil.
O objetivo da Prefeitura de Santos é preparar todos os guardas para utilizar as pistolas o mais rápido possível. "Vamos aumentar progressivamente a compra, pois a capacitação para esse tipo de armamento é específica", disse o Secretário de Segurança de Santos, Renato Perrenoud, explicando que, a longo prazo, a Prefeitura deve adquirir entre 100 e 150 armas, o suficiente para equipar todos os homens de cada turno.
"Desde 2005 estamos fazendo um trabalho de preparação da guarda, para que ela assuma o papel de polícia comunitária e deixe de ser apenas uma guarda de patrimônio", disse o Prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa (PMDB). Segundo ele, neste período, o efetivo da guarda foi ampliado para 430 homens, recebeu treinamento e a corporação também foi equipada, com viaturas, coletes a prova de bala e outros apetrechos.
"Agora chegou o momento de armar a guarda, que já tem participado de situações de conflito", completando que os guardas municipais já têm participado de forças-tarefas junto às polícias civil e militar. Papa afirma que consultou vários especialistas em armamentos antes de optar pela pistola taser e está convencido de que as armas paralisantes atendem perfeitamente aos objetivos de uma polícia comunitária.
Entretanto, a utilização desse tipo de instrumento não é unanimidade entre os especialistas. "Eu defendo arma de fogo para todas as guardas municipais, com corregedoria, ouvidoria e formação adequada, com instrução de tiro adequada", disse o Presidente do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos e São Paulo, Carlos Augusto Sousa Silva, especialista em Segurança Pública pela PUC-SP.
Segundo ele, muitos prefeitos optam pelas pistolas taser por uma questão financeira. "A questão é se vamos discutir economia ou eficiência, se quiser economia se oferece taser que não precisa de tanto treinamento. Não tem necessidade de curso anual dos guardas, de testes psicológicos a cada dois anos. Os prefeitos acabam buscando esses equipamentos como uma válvula de escape pra falar que as guardas têm uma arma", argumenta.
Já o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional em segurança pública, discorda de Silva e acha o equipamento adequado às funções das guardas municipais e a utilização desse equipamento auxiliaria muito para evitar transtornos durante a fiscalização de camelôs ou em ocorrências para controlar a poluição sonora, por exemplo.
"Mais importante que arma de fogo, é a Guarda ter acesso a um rádio com canal de comunicação direto com a PM. No Rio de Janeiro, que é a segunda maior cidade do País e com uma segurança problemática, os guardas utilizam as taser e o trabalho lá funciona muito bem, eles ajudam bastante", afirma.